sábado, 22 de maio de 2010

O tempo


O tempo é benigno, raramente inimigo.
O tempo vira as páginas do calendário; amanhece e escurece o dia; encerra o inverno e inicia a primavera; desabrocha as flores; produz os melhores vinhos; nos envelhece; determina a quantidade de velas no bolo; enruga a pele; começa e termina a partida de futebol; dá e rouba a inocência juvenil; dá e rouba a alegria; dá e sem prazo previsto de validade... a vida.
O tempo passa depressa e devagar.
O tempo é ambíguo, relativo, flexível, de difícil definição. O mesmo tempo é muito e pouco, longe e curto, necessário e dispensável, finito e eterno, depressa e devagar... É do tipo efêmero, passa e não retorna, está aqui e agora e – quem sabe – possa estar mais adiante.
O tempo cicatriza e até cura. Seca as lágrimas e estampa sorrisos. Recicla, renova. Acaba, e por vezes, estranhamente continua.
O tempo, esporadicamente, caminha em oposição, em contrapartida. E só é inimigo, se alguma vez já foi aliado. Como já diz o clichê: só é possível sentir falta, daquilo que um dia já esteve por perto.
O tempo afasta, mas não em metros ou quilômetros. Afasta daquilo do que precisa, mas em uma medida imponderável, afasta em saudade. Em saudade e muita saudade, em sentir falta ou em até se acostumar com ela, em suspirar ou até faltar o ar, em até breve ou adeus.
O tempo sem velocidade exata, entretanto, em constância plena. Jamais pára.
O tempo passa, e só é capaz de melhorar as coisas. Em quantidade permite o diálogo pelo olhar, pelos sorrisos, por uma abraço. O conhecimento dos gestos e trejeitos, das manhas e manias, do perfume e do toque, das qualidades e defeitos, do sentimento. Esse último se caso existir, pois só podemos falar dele em sua presença. Com o tempo, percebe-se o quanto se deseja aquele alguém por perto, por quanto tempo se quer aquele alguém por perto.
O tempo é benigno e raramente inimigo.

[Autor desconhecido]

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